A Coroa de Espinhos - Agostinho da Cruz (1540-1619)

12/12/2010 17:45

A que vindes, Senhor do Céu à terra,

Terra que sendo vossa vos enjeita,

E que tanto vos honra e vos respeita,

Que em não vos receber insiste e emperra?

 

Ah! Quanta ingratidão nela s’encerra!

Quão mal de vossa vinda se aproveita!

Pois se põe a tomar-vos conta estreita,

Mais brada contra vós, quanto mais erra.

 

E vós de vosso amor puro forçado

Os malditos espinhos lhe pisais,

Dos quais ainda sendo coroado,

 

A maldição antiga lhe trocais

Na bênção, que lhe dais crucificado,

Quando morto d’amor, d’amor matais.

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