Abraão na Terra da Promessa

07/06/2011 12:00


por Juarez Fragada

SINOPSE

Em Mateus (11/29,30), Jesus assim diz:” Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”

Mas qual é o jugo de Cristo?

Antes de responder esta pergunta é preciso esclarecer o seguinte: Apocalipse (19/13), nos informa de que Jesus é a palavra de Deus, e o evangelho segundo João (1/1), nos declara que “ no princípio era o Verbo, isto é, a palavra, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”, ou seja, Jesus é Deus.

Elucidado este ponto, vamos ver qual é o jugo de Cristo!

Lamentações (3/27,28):” Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.

Assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele.”

Este é o jugo que devemos tomar, agarrar, pôr sob nosso domínio.

No tocante ao assentar-se, Efésios (2/6), nos declara que, nós estamos assentados nos lugares celestiais em Cristo Jesus.

Com alusão ao termo solitário, podemos inseri-lo no contexto de abnegação, desapego aos pensamentos e aos sentimentos relacionados as coisas ao nosso redor e a nós mesmos.

Para fundamentar isto, vamos nos reportar a Lucas (9/23):” Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.”

Ainda em Lucas (14/33):” Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.”

Para completar, vamos conferir o que nos diz Cristo em Mateus (10/37):” Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim.”

Já com referência ao ficar em silêncio, é bom salientar de que ficar em silêncio não é somente permanecer de boca fechada. Isso também implica em colocar-se em estado de quem cala-se mentalmente.

Muitas vezes a boca de muitas pessoas não profere palavra alguma. No entanto as suas mentes é um turbilhão, é vórtice.

Uma grande leva de pensamentos pertubam profundamente, consomem ou subvertem a paz interior das mesmas. Porém, quando elas deixam o Espírito Santo manifestar-se com o domínio próprio, todos esses pensamentos são deletados e o silêncio mental passa a imperar.

Incutindo o silêncio à mente, cada uma  das faculdades de receber impressões exteriores (visão, audição, olfato, paladar, e tato), tornam-se mais aguçadas.

A pessoa detentora do silêncio mental, vê beleza em coisas simples, que outrora passavam completamente desapercebidas aos seus olhos.

O sentido do cheiro, assim como o gosto, o sabor, e o sentido pelo qual percebemos as sensações de extensão, consistência e temperatura, têm uma melhora considerável...

Quando nos assentamos solitário e em silêncio, então temos a capacidade de aprender de Cristo.

O interessante é que, quanto mais nos desapegamos dos pensamentos e dos sentimentos relacionados as coisas ao nosso redor e a nós mesmos, mais Deus fala e efetua em nós o querer e o realizar Filipenses (2/13).

Com o objetivo de elucidar um pouco mais este assunto, vamos percorrer há história do patriarca Abraão.

 

ABRAÃO NA TERRA DA PROMESSA

por Juarez Fragata

Em Gênesis (12/1), o SENHOR diz ao então Abrão:” Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei.”

A recomendação era deixar toda a sua parentela. No entanto Abraão saiu com o seu sobrinho Ló a tiracolo.

É evidente que isto visto a luz dos sentimentos, continua sendo compreensível.

Seguramente Ló, via em seu tio, o pai que havia perdido, e, Abraão, para não magoá-lo, não ferir seus sentimentos, movido pelo sentimento de compaixão, desobedeceu em parte a ordem de Deus, permitindo que seu sobrinho o acompanhasse.

Gênesis (12/4):” Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele.”

O verso dá a entender de que foi Ló, que dispos-se antecipadamente a segui-lo, e Abraão, dando vazão aos sentimentos, consentiu, desobedecendo em parte a ordem de Deus, e o resultado disso, nós encontramos em Gênesis (12/7):” Darei à tua descendência esta terra.”

Agora vamos ver o que está escrito em Gênesis (13/14,15):” Disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se separou dele: Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre.”

Só uma curta regressão, antes de continuarmos.

No versículo (1) de Gênesis (13), assim está escrito:” Saiu, pois, Abrão do Egito para o Neguebe, ele e sua mulher e tudo o que tinha, e Ló com ele.”

Ló sentia-se seguro na companhia de seu tio, e esse sentimento de segurança é que o levava a persistir a acompanhá-lo, e por sua vez, Abraão não fazia o que era certo, isto é, não pedia para seu sobrinho afastar-se dele, visto que estava prejudicando-o.

As Escrituras nos afirmam que “ tudo é possível ao que crê, não ao que sente, e aqueles que se deixam guiar pelos sentimentos, visam sempre os seus próprios interesses, que era o caso de Ló.

Talvez o seu seja o sentimento de dependência, ou então de detenção de alguém com o intento de o ter somente para si, e isso está sufocando esse alguém, prejudicando o seu dia a dia.

Se esse for o seu caso, meu amigo, minha amiga, deixe o Espírito Santo deletar, apagar, jogar fora esses sentimentos prejudiciais ao próximo, assim como a si mesmo.

 

 

Já com alusão ao patriarca dos judeus, seguramente o mesmo tinha consciência de que precisava se separar de seu sobrinho. Mas como dizer isso a ele sem ferir seus sentimentos?

Quantas e quantas vezes isso ocorre conosco.

O Espírito nos impulsiona a deixar determinado trabalho, que é lícito. Contudo, não é do agrado de Deus.

Nos impulsiona a sair de certo círculo de amizade, que está nos contaminando, nos corrompendo, ou até mesmo sair de um namoro que, está tomando um rumo que não é compatível com os padrões bíblicos. No entanto o sentimentalismo nos leva a dizer para nós mesmos: “ Se eu sair desse emprego, aonde encontrarei outro? Se eu cortar as relações com ela ou com ele, sem sombra de dúvida, os mesmos ficaram contristados, magoados comigo!”

E assim aquele emprego, aquele círculo de amizade, e o namoro que está tomando um rumo incompatível com os padrões bíblicos, continuam nos prejudicando, nos impedindo de progredir espiritualmente.

A mesma coisa estava ocorrendo com Abraão, e foi preciso uma altercação, entre os pastores do rebanho de seu sobrinho e os seus, para que o mesmo tomasse a atitude correta.

Gênesis (13/7,8):” Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. Nesse tempo os cananeus e os ferezeus habitavam essa terra.

Disse Abrão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos.”

Antes de seguirmos em frente, é bom fazer uma observação de curta duração.

Assim como houve contenda entre os pastores do gado de Abraão e os pastores do gado de Ló, no tempo em que os cananeus e os ferezeus habitavam aquela terra, é comum ver no nosso tempo, pastores dessa e daquela igreja, altercando entre si, enquanto os cananeus e os ferezeus, continuam habitando a terra, e a religiosidade que os envolve, aprisionando mais e mais pessoas no embuste do esoterismo, budismo, monoteísmo, ateísmo, e em tantos outros ismos, e os irmãos em Cristo, ao invés de tentar tirá-los do engodo, ficam altercando entre si, dizendo que a sua igreja é a melhor...

Dito isso retornaremos ao verso (8) de Gênesis (13), acrescentando ao mesmo o versículo (9):” Disse Abrão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos.

Acaso, não está diante de ti toda a terra?

Peço-te que te apartes de mim; se fores para a esquerda, irei para a direita; se fores para a direita, irei para a esquerda.”

Como podemos conferir nos versos seguintes, Ló escolheu para si toda a campina do Jordão e partiu para o Oriente; separaram-se um do outro.

 

 

 

 

Recapitulando o que já vimos no capítulo (13/14,15) de Gênesis.

O que disse o SENHOR a Abraão, depois que Ló se separou dele?

“ Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre.”

O sentimento de apego de Ló, constituía-se num atrapalho ao seu tio.

Tanto é verdade que, depois que se separam um do outro, a promessa que somente era para a posteridade de Abraão, passou a ter validade também para os seus dias, visto que diz:” Porque toda essa terra que vês, eu ta darei”.

Uma pequena sugestão deixarei como pausa: meu irmão, minha irmã, mirem-se no exemplo negativo do sobrinho de Abraão, e não seja um Ló na vida de sua esposa. Não seja um Ló na vida de seu marido. Não seja um Ló na vida de seus filhos, netos, pais, avós, tios...

O que estou falando , não se deve tomar como pretexto para o homem chegar em casa e espezinhar, maltratar a esposa e os filhos, nem abdicar dos mesmos...E o que é válido para o homem, também é válido para a mulher e os filhos...

A grande verdade é que, quando nos desapegamos das coisas materiais, e renunciamos os sentimentos relacionados as coisas a nossa volta e a nós mesmos, nós ouvimos a voz de Deus, e além de aprendermos de Cristo, nós damos condições para o Espírito Santo manifestar-se com o amor.

E o que o apóstolo Paulo nos diz a respeito do amor, em 1 Coríntios (13/4-7)?:” O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Aqueles que têm o amor latejando, em contínua pulsação em seu coração, é resignado, conformado com os sofrimentos ou as provações que vez por outra surgem na vida.

Se compraz em fazer o bem, é benévolo, agradável, não alimenta o sentimento e a manifestação da apreensão provocada pelo receio de perder o objeto amado.

Não se envaidece, não é arrogante, altivo, nem domonstra orgulho, quando Deus o tira dos sofrimentos e das provações, e o engrandece com uma grande benção.

Sempre é conveniente, respeita o decoro. Não aproxima-se das pessoas com segundas intenções, ou seja, com o intento de corresponder às exigências do seu próprio interesse.

Não costuma irritar-se, enfurecer-se, exacerbar-se. Não é do seu feitio magoar-se profundamente, lembrar-se de ofensa, nem tão pouco alegrar-se com as desgraças alheias.

O mesmo tem grande alegria ao servir a Deus.

Quando é ofendido não revida, sempre vê e procura passar adiante a virtude, isto é, a boa qualidade moral das pessoas, e não os seus defeitos.

No momento em que experimentamos o amor produzido pelo Espírito, nós compreendemos perfeitamente o que Jesus diz em Marcos (10/29,30):” Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna.”

No amor nós ignoramos a imperfeição dos nossos semelhantes, e nos fixamos em suas qualidades. Por isso o esposo tem muito mais esposa, e a esposa muito mais esposo, e muito mais filhos, irmãos, irmãs, pai e mãe, uma vez que procura ver, somente as suas qualidades, e não seus defeitos...

No amor, além de também darmos valor as pequenas coisas, nós não mais agimos de acordo com os nossos sentimentos e pensamentos, mas sim de acordo com o que é certo.

Um exemplo disso encontramos em Lucas (5/4,5), onde Cristo ordena a Simão Pedro:” Faze ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.

Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.

Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes.”

Sem sombra de dúvida, Simão Pedro, sentia necessidade de dormir, sentia-se extenuado, extremamente cansado, esgotado completamente, visto que tinha trabalhado a noite toda, e seguramente tudo o que queria era ir para casa, tomar um banho e cair no sono. Contudo, ele ignorou o que sentia e agiu de acordo com a palavra de Jesus, e foi abundantemente recompensado por isso.

Só uma curta ressalva: guerras, intrigas, perseguições, preconceito racial, por exemplo, e tantas outras coisas semelhantes a estas, procederam e procedem dos sentimentos.

Ainda com referência ao amor, no verso (8) de Gênesis (13), ao qual já conferimos anteriormente, Abraão, assim disse a Ló:” Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos”.

Na tradução Almeida, Revista e Atualizada, no final deste verso, está escrito o seguinte:” Porque somos parentes chegados”.

No entanto, como o patriarca dos judeus procurava andar o tempo todo em amor e pela fé, e não pelo que sentia, pensava e via, ficaremos com o que diz a Almeida, Versão Revista e Corrigida:” Porque irmãos somos”.

 

Ou seja, o pai de todos os que crêem Romanos (4/11), isto é, Abraão, pelos olhos da fé, via em Ló um irmão, e quando ouviu que o mesmo estava preso, em amor fez o que era certo, não temeu a superioridade numérica dos rapitores de Ló, visto que no amor não existe medo, antes, o perfeito amor lança fora o medo 1 João (4/18), armou os seus criados nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e perseguiu-os, e dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus criados, e os feriu, e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.

E tornou a trazer toda a fazenda e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e a sua fazenda, e também as mulheres, e o povo Gênesis (14/14,15).

Vamos dar uma paradinha no versículo (14), que nos atrai a atenção pelo seguinte fato: Abraão armou os seus criados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito.

Numa significação um tanto mais profunda, compreendemos que a casa de Abraão, era a promessa que o mesmo havia recebido de Deus.

Já no tocante aos trezentos e dezoitos, eram, eles, as habilidades nascidas desta promessa.

Êxodo (35/30-35):” Disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o SENHOR chamou pelo nome a Bezalel..., e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício, e para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, e para lapidação de pedras de engaste, e para entalho de madeira, e para toda sorte de lavores.

Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe...

Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais engenhosa...”

Quando Deus chama alguém para determinada obra, isto é, para fazer parte de determinado projeto, que no caso de Abraão, era fazê-lo uma grande nação, o Espírito Santo enche-o de habilidade, inteligência e conhecimento para pôr em prática, executar esta obra, este projeto.

Foi este fator preponderante que fez Abraão praticar a ação de investir contra a Quedorlaomer e os reis que estavam com ele Gênesis (14/17), e saísse vitorioso.

Resumindo: Abraão usou as habilidades, a inteligência e o conhecimento que haviam nascidos da promessa que tinha recebido de  Deus, para resgatar a seu irmão, o também justo Ló 2 Pedro (2/7).

Já, dentro de uma visão denominacional, compreendemos que os trezentos e dezoito criados de Abraão, nascidos em sua casa, eram aqueles que haviam nascidos debaixo de sua unção.

Vamos fazer uma suposição a respeito disso: determinada denominação tem quinhentos pregadores.

Trezentos deles, foram instituídos pregadores dentro dessa denominação, e duzentos, foram contratados de outras denominações.

Os trezentos jamais retrocedem, seguem firme em suas posições, servindo a  sua igreja de acordo com o entendimento de seu líder, nunca rebelando-se contra a autoridade instituída por Deus.

   Já os duzentos contratados, embora tementes a Deus, e respeitando a autoridade instituída por Ele, não podem servi-la de coração, porque lá na essência ou ponto essencial, lá no íntimo desses duzentos, há outro fundamento, vinculado as suas respectivas denominações de origem, e surgindo o revés, a adversidade e a contrariedade, dentro da denominação, a tendência é abandoná-la.

Consciente disso Abraão armou somente os seus criados nascidos em sua casa. Pois sabia que esses não retrocederiam, não voltariam para trás, coisa que poderia ocorrer com os seus servos originários de outras casas; sim, porque é evidente que o mesmo tinha muito mais servos.

 

Uma só coisa lhes peço: não tirem conclusões precipitadas, impensadamente ao meu respeito. Pois não tenho nada contra um pastor formado em uma denominação, ir trabalhar em outras. Ao contrário. Tenho por feliz, o pregador que Deus concede o privilégio de transitar em várias denominações, lhe concede o privilégio de viver no Evangelho e do Evangelho, e isso é bíblico.

1 Coríntios (9/14):” Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.”

Na verdade eu estou falando neste momento, aos pregadores que têm a vantagem ou exceção concedida por Deus, para pregar a palavra em outras denominações. Esses sabem do que estou falando.

Vamos retornar a Gênesis (14), e seguir do verso (17) ao (23):” Após voltar Abrão de ferir a quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma no vale de Savé, que é o vale do Rei.

Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo...

E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.

Então, disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me as pessoas, e os bens ficarão contigo.

Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra, e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão.”

Só um homem perfeito andou nesta terra, ao qual foi Jesus Cristo.

Os que vieram antes de nós, assim como nós, vez por outra escorregamos e pecamos, algumas vezes consciente, outras não, e com Abraão não foi diferente.

Para exemplificar podemos citar Gênesis (12/10): Abraão abandonou a promessa de Deus, e desceu ao Egito, que simboliza o mundo.

Contudo, no caso do dízimo dado a Melquisedeque, rei de Salém, que mais tarde recebeu outras duas sílabas na frente, tornando-se Jerusalém, Abraão mostrou já ter domínio próprio, discernimento, e desprendimento as coisas materiais.

Logo após este feito, disse-lhe o rei de Sodoma:” Dá-me as pessoas, e os bens ficarão contigo”.

Provérbios (19/2), nos diz que não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado.

Seguramente se fosse um cristão que até então se alimentasse de leite, ou seja, que fosse inexperiente na palavra da justiça Hebreus (5/13), sem refletir maduramente sobre a proposta, sem pesar os prós e os contras, tomaria posse dos bens do rei de Sodoma, e acreditando ter recebido uma grande benção diria:” Acabei de dar o dízimo, e Deus, de imediato me retribuiu abundantemente mais”, e teria pecado. Porém, Abraão, ponderou, e dando prova de que não tinha mais apego as coisas materiais, não aceitou os bens daquele monarca, chegando a conclusão de que o mesmo sairia dizendo:” Eu enriqueci o então Abrão”.

E a demonstração de desapego as coisas materiais, trouxera algum benefício a Abraão?

Sim! Lembram-se que anteriormente nós conferimos que, quando nos desapegamos das coisas materiais, e renunciamos os sentimentos relacionados as coisas a nossa volta e a nós mesmos, entre outras coisas, nós ouvimos a voz de Deus!? Foi isso o que ocorreu com Abraão.

Gênesis (15/1):” Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande.”

E o que acontece nos versículos seguintes, é uma interação entre Abraão e Deus, que lhe promete um filho.

 

Como mencionei antes, só houve um homem perfeito aqui nesta terra, o qual foi o Senhor Jesus Cristo. Os demais, incluindo, obviamente, nós, filhos da promessa, como Isaque Gálatas (4/28), vez por outra erramos, e com Abraão não foi diferente.

No capítulo (16) de Gênesis, o mesmo acolhe uma sugestão da então Sarai, e sem consultar a Deus põe em prática a insinuação da esposa, e tem relação com a sua serva Agar, gerando Ismael, que nasceu segundo a carne Gálatas (4/23), isto é, nasceu do desejo da carne.

Porém, como este assunto não nos interessa no momento, vamos deixá-lo de lado e seguir em frente.

No capítulo (17) de Gênesis, Deus muda o nome de Abrão, para Abraão, e o de Sarai, para Sara, e lhe promete Isaque.

Abraão já era idoso, quando lhe nasceu Ismael. Portanto não é difícel deduzir de que, ele o amava muito, e era extremamente apegado ao mesmo, e isso fica claro em Gênesis (17/18):” Disse Abraão a Deus: Tomara que viva Ismael diante de ti.”

O que veio a ser o pai de todos os que crêem Romanos (4/11), tinha plena convicção de que precisaria desapegar-se dos sentimentos relacionados ao seu filho Ismael, que havia nascido segundo a carne, para acolher a Isaque, que haveria de nascer mediante a promessa Gálatas (4/23), e isso não lhe agradou. Por isso tentou barganhar com Deus:” Tomara que viva Ismael diante de ti”.

Mas como não há barganha com Deus, Deus lhe respondeu:” De fato, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque...Gênesis (17/19)”.

 

Gênesis (21/8-12):” Isaque cresceu e foi desmamado. Nesse dia em que o menino foi desmamado, deu Abraão um grande banquete.

Vendo Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, caçoava de Isaque, disse a Abraão: Rejeite essa escrava e seu filho; porque o filho dessa escrava não será herdeiro com Isaque, meu filho.

Pareceu isso mui penoso aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.

Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atenda a Sara em tudo o que ela te disses; porque por Isaque será chamada a tua descendência.”

   Para complementar, vamos conferir o verso (14):” Levantou-se, pois, Abraão de madrugada, tomou pão e um odre de água, pô-los às costas de Agar, deu-lhe o menino e a despediu.”

Imaginem o quão difícil foi para Abraão, ter que ignorar os sentimentos relacionados a Ismael, e se ver obrigado a mandá-lo embora?

No entanto isso não é tudo. Talvez Abraão tenha dito para consigo mesmo:

-         Tudo, bem! Ismael nasceu do desejo da minha carne. Por isso, mesmo a contragosto, ignorarei o que sinto por ele. Já Isaque é o filho da promessa. A este eu posso me apegar sentimentalmente com toda a força que ainda me resta!

Se foi essa a conclusão que chegou o mesmo, enganou-se redondamente.

Gênesis (22/1,2):” Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui!

Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei.”

Quando Deus disse “ teu único filho, Isaque”, deixou bem claro que Ismael, que havia nascido segundo a carne, para Ele, era como se não existisse.

Por isso é bom tomar muito cuidado, meus irmãos. Para Deus, tudo o que se produz segundo a carne, é como se não existisse.

Portanto façam uma breve reflexão, e vejam se suas obras são ações da carne, ou, deveras, é Deus que efetua em vós tanto “ o querer como o realizar” Filipenses (2/13). Porque se não é Deus, o seu querer e o seu realizar, estão fadados ao fracasso, e não adianta clamar ao SENHOR. Pois como acabamos de ver, para Deus, o querer e o realizar segundo a carne, é como não ter existência real.

Bem! Abraão, esperando contra a esperança, creu, e, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara, não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que Ele era poderoso para cumprir o que prometera Romanos (4/18-21), e deveras Deus cumpriu. Isaque era uma realidade física.

No entanto, de repente, Deus manda Abraão oferecê-lo em holocausto, ou seja, de uma hora para outra, Deus manda-o, desapegar-se por completo dos sentimentos relacionados ao filho da promessa, e por meio do fogo deletar, apagar, reduzir a cinzas o seu corpo físico, o qual alimentava esses sentimentos.

Como era temente a Deus, Abraão obedeceu-O, e desapegou-se sentimentalmente, também do seu filho Isaque, e o desapego foi tanto que o mesmo só não ofereceu-o, em holocausto, porque lhe bradou o Anjo do SENHOR Gênesis(22/10,11).

 

Como vimos anteriormente, quando nos desapegamos aos sentimentos relacionados as coisas a nossa volta, além do Espírito Santo manifestar-se com o amor, e ouvirmos a voz de Deus, e aprendermos de Cristo, as nossas orações são ouvidas.

Gênesis (22/20-23):” Passadas essas coisas, foi dada notícia a Abraão, nestes termos: Milca também tem dado à luz filhos a Naor, teu irmão.

Uz, o primogênito, Buz, seu irmão, Quemuel, pai de Arã, Quésede, Hazo, Pildar, Jidlafe e Betuel gerou a Rebeca; estes oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão.”

Primeiramente, Abraão, em oração, pediu a Deus, uma mulher, dentre os seus familiares, para ser esposa do seu filho Isaque.

Em seguida pediu ao SENHOR, que lhe trouxesse notícia dos mesmos, só que ela não chegava.

E por que não chegava?

Porque o mesmo estava completamente apegado aos sentimentos, especificamente relacionados a Isaque. Porém, quando os deletou, ou seja, se desapegou desses sentimentos, a notícia foi dada.

E quem é a última pessoa mencionada no relato trazido a Abraão?

Isso, mesmo: Rebeca. E Deus lhe deu a palavra, declarando que a mesma era a moça predestinada a ser esposa de seu filho.

Nós podemos claramente evidenciar isso, em Gênesis (24/50,51):” Isto procede do SENHOR, nada temos a dizer fora da sua verdade.

Eis Rebeca na tua presença; toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho do teu senhor, segundo a palavra do SENHOR.”

 

O Senhor Jesus Cristo nos declara em João (17/17), de que a palavra de Deus é a verdade. E, em 2 Coríntios (13/8), o apóstolo Paulo nos diz que, nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade.

Ou seja, nada podemos contra a palavra, senão em favor da própria palavra.

Vamos conferir novamente Gênesis (24/50), onde, assim, responderam Labão e Betuel ao servo de Abraão:” Isto procede do SENHOR, nada temos a dizer fora da sua verdade”.

Ou seja, nada temos a dizer fora da sua palavra.

Os mesmos não tinham argumento para segurar Rebeca, e não deixá-la ir ter com Isaque, e tornar-se sua esposa. Por isso foram obrigado, assim, responder no verso (51):” Eis Rebeca na tua presença; toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho do teu senhor, segundo a palavra do SENHOR.”

Voltando ao tema principal.

Abraão foi obrigado a desapegar-se sentimentalmente, até mesmo de Isaque, o filho da promessa, para poder, assim, andar livre, leve e solto, completamente entregue nas mãos do SENHOR, dando total condições a Deus de dirigi-lo.

Em Hebreus (6/1), a recomendação é pôr-mos de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, e deixar-mos nos levar para o que é perfeito.

O patriarca dos judeus deixou-se levar para o que é perfeito.

A base para crer nisso, é encontrada em 2 Coríntios (7/29-31):” Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem.”

 

Abraão tinha irmão e sobrinhos, mas era como se não os tivessem. Tinha esposa, mas era como se não a tivesse. Tinha filhos, contudo era como se não os tivessem.

Segundo o apóstolo Paulo, o tempo se abrevia. Por isso, meus irmãos, a partir desse momento passe a agir segundo Abraão agia, e comece mais e mais a ignorar os sentimentos relacionados as coisas ao seu redor. Pois, agindo deste modo, além do Espírito Santo manifestar-se com os seus frutos, mais e mais Deus efetua em vós “ o quere e o realizar”.

Esta é uma das condições para que Deus possa operar poderosamente em nosso favor.

 

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